COP 27: está na hora de se adaptar às mudanças climáticas

Presidência da COP-27 lança “Agenda de Adaptação Climática” que levará resiliência às mudanças do planeta para 4 bilhões de pessoas até 2030

Por Redação em 15 de novembro de 2022 3 minutos de leitura

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A Presidência da COP-27 lançou a Agenda de Adaptação climática para o mundo. O documento, assinado por mais de 2 mil organizações em 131 países, faz parte da campanha “Corrida para a Resiliência” e apresenta 30 resultados práticos para aumentar a resiliência de 4 bilhões de pessoas no mundo, até 2030. Essa é a população que, atualmente, vive em comunidades consideradas mais vulneráveis aos impactos climáticos.

Várias ações para preservar a temperatura em 1,5º (em relação aos níveis pré-industriais), conforme o Acordo de Paris, já estão em ação no mundo. Mas as queimadas na Austrália, as ondas de calor na Europa, os ciclones na América Central e as chuvas sem precedentes na Ásia trazem a urgência da adoção de estratégias para lidar com o desastre climático, passando da prevenção para a proteção. 

Veja também o episódio 14 do podcast Habitability:

A resiliência se tornou palavra-chave dos encontros na COP-27, já que, se o planeta continuar no caminho em que está, mesmo implementados todos os acordos de redução de emissões de gases, há bilhões de pessoas que precisam ser protegidas de calor extremo, secas, inundações – e de suas consequências para a saúde, produção de alimentos e garantia de fornecimento de energia. 

Agenda de adaptação

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De acordo com o secretário executivo da UNFCCC (área da ONU ligada a Mudanças Climáticas, Simon Stiell, a Agenda de Adaptação coloca “as principais necessidades humanas em seu núcleos”.

“A Agenda de Adaptação delineia múltiplas ações e combina os compromissos de governos e partes interessadas não-partidárias em uma visão conjunta e em um plano conjunto. Precisamos do comprometimento de todas as partes interessadas para lidar com os impactos atuais e futuros das mudanças climáticas, e este é um excelente exemplo de como isso pode acontecer”, disse Stiell, em comunicado a imprensa.

Entre os principais resultados listados na Agenda da Adaptação estão:

  • transição para uma agricultura sustentável e resiliente ao clima, que pode aumentar os rendimentos em 17% e reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 21%, sem expandir as fronteiras agrícolas e promovendo melhorias nos meios de subsistência, com a inclusão de pequenos agricultores;
  • proteção e restauração de cerca de 400 milhões de hectares em áreas críticas, apoiando comunidades indígenas e locais com o uso de soluções baseadas na natureza, para melhorar a segurança hídrica e os meios de subsistência. Isso poderá transformar 2 bilhões de hectares de terra em gestão sustentável;
  • proteção de 3 bilhões de pessoas, por meio da instalação de sistemas inteligentes e de alerta antecipado;
  • investimentos de US$ 4 bilhões para garantir o futuro de 15 milhões de hectares de manguezais, por meio de ações coletivas para deter a perda, restaurar, dobrar a proteção e garantir financiamento sustentável para todos os manguezais existentes;
  • expansão do acesso à cozinha limpa para 2,4 bilhões de pessoas por meio de pelo menos US$ 10 bilhões/ano em financiamento inovador;
  • mobilização entre US$ 140 bilhões e US$ 300 bilhões para integrar um fundo para colocar os planos em ação.

Os resultados da Agenda da Adaptação para as cidades

Os 30 resultados são variados e apoiam diversos setores, mas colocam uma pressão maior para a infraestrutura urbana. Confira a seguir os resultados que a Agenda de Adaptação da COP-27 pretende atingir até 2030.

  • 1 bilhão de pessoas têm melhor projeto, construção e acesso a financiamento para viver em casas decentes e seguras.
  • US$ 1 trilhão investidos em soluções baseadas na natureza para comunidades em áreas urbanas.
  • Fortalecimento da infraestrutura social, para garantir o acesso a serviços comunitários básicos e essenciais
  • Aumento do uso de resíduos como recurso secundário , promovendo o aumento da subsistência dos trabalhadores informais e reduzindo a queima de resíduos a céu aberto em 60%, o que contribui para a diminuição dos níveis de poluição e melhora a saúde das comunidades locais.
  • 10 mil cidades e 100 governos regionais com planos de adaptação baseados em evidências
  • Infraestrutura de transporte resiliente às mudanças climáticas.
  • 2 bilhões de pessoas com acesso a veículos e soluções de mobilidade limpas a baixo custo.

Coletivamente, estes resultados representam o primeiro plano global abrangente para reunir atores estatais e não estatais, por trás de um conjunto compartilhado de ações de adaptação que são necessárias até o final desta década, em cinco sistemas de impacto: alimentos e agricultura, água e natureza, litoral e oceanos, assentamentos humanos e infraestrutura, incluindo soluções facilitadoras para planejamento e finanças.