Do grey ao green, São Paulo ganha projeto para melhorias de áreas verdes

Parcerias e interação governamental podem acelerar a revitalização de áreas abandonadas a fim de aplacar os efeitos climáticos.

Por Redação em 25 de maio de 2023 3 minutos de leitura

areas verdes

No mês de abril, a Prefeitura de São Paulo e a ONU-Habitat lançaram o projeto Viva o Verde SP com o intuito de fazer um diagnóstico sobre os parques e traçar melhorias. Essa ação vem de encontro com a ideia de tentar aplacar os efeitos climáticos relacionados à poluição, trânsito e urbanização da capital.  

O acordo entre as instituições foi firmado com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) em setembro de 2022 e tem três anos de duração. Neste período, se pretende fazer um diagnóstico de 111 parques da cidade.

Programa é orientado pelas políticas globais da Agenda 2030 e da Nova Agenda Urbana

O projeto engloba diversas ações, como a criação de áreas verdes, o plantio de árvores em locais estratégicos, a recuperação de córregos e nascentes, a implantação de sistemas de coleta seletiva e o incentivo à adoção de práticas sustentáveis. Isso transita entre cinco Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) prioritários, entre os quais o principal é o ODS 11, que procura tornar as cidades e os assentamentos humanos mais inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

Outras iniciativas voltadas às áreas verdes da cidade

O Parque Minhocão, inaugurado em 2021, é prova de que com recursos e parcerias certas, a cidade consegue fazer uma revitalização de sucesso. O Elevado João Goulart, popularmente conhecido como Minhocão, foi inicialmente planejado para ligar a região central à zona oeste em um momento de profunda urbanização e expansão rodoviária do estado de São Paulo. Os moradores de prédios próximos, porém, se sentiram invadidos pela proximidade com o elevado e reclamavam muito do barulho do vai e vem dos carros.

Após muita reclamações – e até ações na Justiça -, o espaço foi se transformando e hoje contempla três principais realidades: a do corredor viário, a dos moradores e a do Parque Minhocão. 

A revitalização do local trouxe uma área de convivência, lazer e cultura ideal para ciclistas, patinadores, skatistas e pedestres que gostam de caminhar e apreciar os grafites artísticos estampados nos prédios da cidade. Como vantagens, a região ganhou melhoria na qualidade do ar, já que houve a redução do tráfego de carros na região; maior segurança para os pedestres; aumento das áreas verdes e espaços públicos para atividades físicas e culturais; fomento ao turismo e à economia local, com a oferta de novos negócios e serviços na região; além de proporcionar uma melhor qualidade de vida para os moradores próximos ao parque.

Veja também o episódio 23 do podcast Habitability:

Ações devem vir de todos os lados

Na tentativa de deixar São Paulo menos “cinza”, outras áreas verdes abandonadas da cidade também precisaram de intervenção para a revitalização. Os parques Linear Rio Verde, do Chuvisco, Linear Várzeas do Tietê e a Praça Victor Civita são alguns exemplos disso.

Reprodução: Site da Prefeitura – Parque Linear Rio Verde

Essa interação entre entidades privadas e órgãos públicos para melhoria urbana não chega a ser uma novidade no Brasil e nem fora dele. A diferença é que a questão climática se tornou mais emergencial e as ações precisam ser tomadas por todos. 

Leia também: Playgrounds mais verdes: uma solução climática que não pode ser negligenciada

Os EUA, por exemplo, estão transformando pátios asfaltados em centros comunitários sustentáveis. A iniciativa é considerada uma eficaz solução climática que não pode ser negligenciada

O projeto Viva o Verde SP propõe acelerar essa reaproximação do ponto de vista dos cidadãos e das administrações municipais e regionais ao aplicar ferramentas propostas pela Núcleo de Ativação Urbana (NAU) e a Agenda 2030. 

“São Paulo é vanguarda diante desses assuntos globais e, também, sempre deixa marcas”, apontou no lançamento do projeto a secretária adjunta de Relações Internacionais, Ana Cristina da Cunha Wanzeler. “Deixar a cidade mais verde está no centro das nossas estratégias e, também, de todas as ações que estão envolvidas”, completou, lembrando que a cidade recebeu o título de Capital Verde Ibero-americana em 2022.

A premissa do projeto para a criação de espaços públicos urbanos que possam fornecer ambientes propícios para trabalhar e socializar é estratégica para uma cidade conectada às necessidades socioambientais atuais e futuras, mas para São Paulo ir do grey ao green, esse é só um passo.

Contribuir efetivamente para um ecossistema próspero e biodiverso, ajudar a absorver carbono e produzir energia verde, requer a criação de novas áreas verdes em terrenos baldios ou subutilizados; a implantação de sistemas de coleta seletiva em regiões da cidade que ainda não contam com o serviço; a realização de campanhas de conscientização sobre a importância da preservação ambiental e da adoção de práticas sustentáveis; o plantio de árvores em ruas e praças, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar e a redução da temperatura da cidade; a recuperação de córregos e nascentes, melhorando a qualidade da água e a biodiversidade local e, é claro, a participação de todos!