Startup usa bactérias presentes em algas e micro-algas para criar bioconcreto tão forte quanto corais do fundo do mar
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Redação em 21 de dezembro de 2022 3minutos de leitura
A indústria de construção civil está numa corrida para o concreto carbono zero. Enquanto algumas iniciativas vão em favor de modificar o cimento, outras tentam criar um novo material: o bioconcreto. É o que a startup norte-americana Prometheus Materials está se propondo a fazer.
A partir das cianobacterias, que estão presentes em algas, a startup consegue fabricar um bioconcreto que não utiliza calor e calcário, mas luz e água. Por ser uma bactéria capaz de fazer fotossíntese, o material ainda consegue absorver gás carbônico do ar depois de construído. As bactérias funcionam como “biorreatores” que ajudam a criar cristais de carbono de cálcio, os quais são a base do bioconcreto.
“Ao usar a ligação biológica no lugar da química, estamos criando um agente de ligação mais durável, sem contar que é uma alternativa para o cimento convencional que emite muito carbono”, comentou o cofundador e CEO da Prometheus Materials, Loren Burnett, em entrevista à revista Concrete Products.
Inspiração do fundo do mar
O oceano é fonte de inspiração para o bioconcreto. E não é pela primeira vez que isso acontece no mundo da construção sustentável. No Canadá, os camarões são usados como base para se criar uma técnica de edificação carbono zero.
“Recifes de corais, conchas e até mesmo o calcário que usamos para produzir cimento mostram que a natureza já descobriu uma maneira de unir materiais de forma forte, inteligente e eficiente”, explicou o cofundador da startup, Wil Srubar III, na reportagem da Concrete Products.
“Ao trabalhar com a natureza para usar microalgas existentes para unir minerais e outros materiais para criar novos tipos de produtos de construção biocompostos e sustentáveis, podemos eliminar a maioria, se não todas, as emissões de carbono associadas aos materiais de construção tradicionais à base de concreto”, disse Srubar em entrevista ao Dezeen.
Bioconcreto: uma saída verde
A Prometheus diz que fabricar concreto dessa maneira emite um décimo do CO2 gerado pela fabricação de concreto convencional.
Os blocos da Prometheus Materials são criados misturando este biocimento com agregado para criar um material de construção de baixo carbono com propriedades mecânicas, físicas e térmicas comparáveis ao concreto à base de cimento portland.
Uma incógnita é quão permeável à água o novo material se mostrará. Mas o material é certamente forte. Lotes recentes resistiram a pressões de 380 kg por centímetro quadrado – mais do que alguns concretos convencionais podem tolerar. As vendas de blocos e também de tijolos para barreiras acústicas para amortecer o ruído do tráfego (uma aplicação baseada na ideia de que o hidrogel dissipará o som melhor do que o concreto convencional) devem começar no início do próximo ano.
Trazer segmentos de pontes pré-moldadas para o mercado levará um pouco mais de tempo, já que uma certificação mais rigorosa está envolvida. Burnett, no entanto, acredita que o bioconcreto vai igualar e exceder as capacidades do concreto à base de cimento.
“Como somos um material diferente, na verdade permitimos que novos produtos sejam desenvolvidos e usados, os quais não estariam disponíveis com o concreto tradicional”, disse ele. “Somos um material alternativo com capacidades adicionais.”
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