Perspectiva de crianças em cidade é recriada em VR

Iniciativa usa VR para incluir crianças no planejamento urbano. E se você tivesse 95 centímetros, como iria experimentar a cidade?

Por Redação em 31 de maio de 2023 3 minutos de leitura

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Como uma criança vê a cidade? E como a cidade pode vê-la de volta? A realidade virtual tentou responder a essas perguntas. A partir de um sistema que “encolhe” as pessoas, a plataforma pretende mostrar a todos como um pequeno anda pelo espaço urbano. A mudança de perspectiva, nesse caso, serve para alertar os gestores das principais cidades.

A ação foi feita pela Urban95, iniciativa da Fundação Bernard van Leer, que incentiva a inclusão da primeira infância nos planejamentos urbanos pelo mundo, e da companhia de design Arup. Chamado Urban95 VR, o projeto permite que os usuários vejam as ruas da cidade em um óculos de realidade virtual. O detalhe? Na experiência, a perspectiva é de uma pessoa de 95 centímetros, a altura média de uma criança de três anos de idade.  

Iniciativa Urban95 (Foto: Divulgação – Arup)

Nesse ambiente da cidade virtual, é possível entender como crianças veem a rua, o tráfego, e como sentem o ruído e a poluição visual e sonora. A pessoa pode passear em três ruas diferentes e consegue alterar o ambiente, como o tamanho das calçadas e a quantidade de áreas verdes, enquanto andm pelo espaço virtual. 

Público infantil no centro (da cidade)

“O bem-estar de bebês, crianças e seus cuidadores é a melhor medida de uma cidade vibrante, próspera e saudável. No entanto, eles podem ser invisíveis para os líderes da cidade como um grupo com necessidades específicas”, comentou Ardan Kockelkoren, coordenador do Urban95 no Bernard van Leer Fundação, em comunicado no site da Arup.

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Quando experimentam a cidade a partir do olhar de uma criança, os planejadores urbanos conseguem entender, por exemplo, que uma calçada muito estreita ou uma rua cheia de carros próximos à calçada é mais do que uma experiência incômoda, mas assustadora. Por meio da tecnologia, o objetivo é gerar a empatia, como também a ação dos adultos que comandam a cidade. 

“Nesse espaço, é possível entender que, quando se observa as necessidades das crianças, você cria um ambiente urbano ótimo para todos”, falou a diretora e líder do projeto na Arup, Sara Candiracci, em entrevista à Fast Company.  Pesquisas mostram que ambientes onde mães, pais e crianças podem circular com segurança tendem a ter a economia local mais forte, além de serem capazes de criar comunidades. 

Cidade para as crianças

A cidade projetada para as crianças não é nada parecida com um playground colorido. É um espaço urbano com bairros que incentivam a segurança e o modo de vida ativo, com calçadas amplas e elementos de infraestrutura pública bem sinalizados. É um lugar com mais praças, bancos e pontos de encontro. 

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Em paralelo à experiência de VR, a Urban95 lançou um manual Proximity of Care, um guia de design e arquitetura para se pensar nas necessidades de crianças, pais e famílias. “As crianças também precisam de muitas oportunidades para explorar, brincar e experimentar interações humanas calorosas e receptivas. Para que as crianças pequenas aproveitem ao máximo o ambiente ao seu redor, os lugares e as pessoas precisam atender às necessidades de desenvolvimento relevantes para a idade. Isso inclui capacitar e apoiar os cuidadores para fornecer cuidados saudáveis e estimulantes”, descreve o guia.