Uma “horta no mar” para criar energia limpa?

Startup indiana cria horta de algas no mar para criar bioplástico, alimento e biocombustível. O mar é o futuro?

Por Redação em 23 de fevereiro de 2023 2 minutos de leitura

horta no mar

Algas serão o futuro, delas poderão vir o plástico e até o combustível. Pelo menos esta é a visão da startup indiana Sea6 Energy. A companhia criou uma forma de agricultura marinha para cultivar algas em escala para, então, utilizar as folhas como fonte de energia.

Idealizada por uma equipe de PhDs em engenharia, agricultura e biotecnologia, a Sea6 Energy foi formada para desenvolver soluções de energia renovável a partir do oceano. Como? A partir do cultivo de algas marinhas tropicais – quilômetros quadrados de algas, para falar a verdade, para criar uma fonte sustentável de biomassa. 

A natureza ensina e a inovação consegue aprender. O cultivo de algas tropicais já é uma grande indústria – no entanto, os métodos empregados não mudaram muito desde que começaram há quase meio século. Para se ter ideia, a indústria de algas marinhas produz cerca de 35 milhões de toneladas do produto por ano. Mesmo com as condições não industriais. 

Agricultura oceânica, ou “uma horta no mar”

Fundada em 2010, a Sea6 Energy quer mecanizar a agricultura oceânica, assim como os tratores fizeram para a agricultura, com seu “Sea Combine”, um catamarã automatizado que simultaneamente colhe e replanta algas marinhas no oceano. A máquina viaja para frente e para trás entre as linhas de algas marinhas, colhendo as plantas totalmente crescidas e substituindo-as por linhas recém-semeadas.

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Um protótipo está atualmente implantado na fazenda de algas marinhas da empresa na costa da Indonésia. A nação do Sudeste Asiático tem uma tradição de cultivo de algas que envolve os aldeões amarrando pedaços de algas em cordas e arrastando-os para o mar, antes de colher manualmente as linhas, e há um forte apetite pela colheita por lá.

O ponto é que, atualmente, produzir algas é tão caro que o mercado atual só é economicamente viável para o setor de alimentação. Com a produção da Sea6Energy, a ideia é reduzir o preço a ponto de tornar a alga quase como uma commodity. 

Da alga para todo o resto!

Depois de resolver a colheita das algas, a startup agora se coloca um novo desafio: alargar a gama de produtos à base de algas marinhas, começando pelos bioplásticos. 

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As algas marinhas, mostram estudos, têm potencial para se tornar uma boa alternativa biodegradável ao plástico. A startup londrina Notpla, por exemplo, já usou algas marinhas para criar embalagens sustentáveis para bebidas e molhos. A Sea6 Energy está nos estágios iniciais de desenvolvimento de seu próprio filme biodegradável para substituir sacolas plásticas e de papel.

Há possibilidades de criação de algas para a alimentação de bovinos e para a alimentação mundial. A agricultura marinha é a nova fronteira da agricultura, e os mares se mostram como o caminho para a virada sustentável do planeta.