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Boa vizinhança? Conexão entre pessoas muda a vida nos bairros
Cidades ganham em qualidade quando há uma boa vizinhança. Exemplos pelo mundo mostram a eficiência de uma comunidade unida em prol da cidade.
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Redação em 29 de julho de 2022 3minutos de leitura
Festas para todos na rua, uma reunião entre amigos no bairro, decoração das calçadas para a Copa do Mundo. A relação amistosa entre vizinhos sempre foi a espinha dorsal do relacionamento de todos com a cidade. Com o crescimento dos espaços urbanos, por meio de condomínios e prédios de muitos andares, parte dessa convivência se perdeu. Alguns projetos ao redor do mundo querem mudar essa realidade para resgatar a política da boa vizinhança, e ressaltam: a cidade do futuro é aquela onde os vizinhos se entendem (e festejam juntos!).
Os super-bairros (ou Hyper Voisins)
Em Paris, tudo começou com um bom dia. Ou melhor, bonjour. Esta era a primeira exigência do Projeto “Republique des Hyper Voisins”, em português: a República dos Super Bairros: cumprimente os seus vizinhos. Ao quebrar o gelo, as pessoas acabaram se conhecendo e criando formas coletivas de se encontrar. Iniciado com um grupo de Facebook para pessoas de uma região residencial de Paris, o projeto já atinge 2 mil pessoas que, hoje em dia, participam de brunches coletivos em restaurantes locais e nas ruas do bairro.
Durante a pandemia, os grupos de WhatsApp ligados ao projeto foram usados para a mobilização dos moradores. “A convivência harmoniosa não é apenas uma sensação boa. Pode se tornar um ativo poderoso, um agente econômico e social essencial na construção das cidades de amanhã”, disse um dos criadores do projeto, Patrick Bernard, ao The Guardian. Além de fazer as festas e encontros semanais, o projeto também se juntou para instalar composteiras coletivas, bem como colocar clínicas de saúde gratuitas para os moradores.
Política da boa vizinhança é a base da cidade para as pessoas
A política da boa vizinhança tem outro nome na Europa: “placemaking”. Conforme explicou a socióloga Charlos Schans ao The Guardian, o conceito mostra que “temos que criar os espaços urbanos juntos”. “Precisamos de cidades centradas nas pessoas e espaços públicos que funcionam para a vida pública”. Charlos é diretora da ONG Place Making Europe, que opera em 30 países da região para promover melhores políticas para espaços públicos. “Cidades tendem a ser construídas de cima para baixo, do poder público para as pessoas. O resultado é que, muitas vezes, há uma crescente solidão, e as cidades estão se tornando lugares com menos mobilidade e com menos saúde”, acrescenta.
A cidade espanhola de Pontevedra, por exemplo, proibiu carros, Barcelona desenvolveu seu sistema “super-quadras” de grades de nove quarteirões que priorizam os pedestres e Amsterdã está oferecendo dinheiro para organizações holandesas comprarem lojas turísticas e transformá-las em negócios locais. São pequenas ações que mostram que as pessoas devem também formar as cidades e decidir sobre elas.
Fazer o bem primeiro
No Brasil, as festas coletivas e comunitárias já são realidades. Quem nunca foi em uma festa junina da rua ou da igreja local? Ou participou de uma reunião na praça? Por aqui, as organizações existem mais para unificar a conversa que já existe entre vizinhos, ampliando-as. Esse é o caso do projeto Vizinho do Bem. O site é uma ferramenta gratuita que conecta condôminos e vizinhos. E, assim, cria um espaço para que as pessoas possam pedir e oferecer ajuda. Entre as ajudas solicitadas, estão as de compras em supermercados e farmácias, e até passeios com cachorros. A MRV, por exemplo, criou o Mão na Roda, um aplicativo que conecta as 300 mil famílias que moram em seus prédios. O aplicativo ajuda profissionais autônomos das regiões a buscarem nos vizinhos a sua possível clientela.
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