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Crono-urbanismo: tempo é medida de acesso à cidade, mais do que espaço
Conceito por trás das cidades de quinze minutos indica que o tempo é a melhor forma de entender o ambiente urbano.
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Redação em 14 de outubro de 2022 3minutos de leitura
Quantas ruas demora para ir da sua casa até o parque mais próximo? E até a estação de metrô? Quantos metros são da sua casa até o hospital da região? Ou até o seu restaurante favorito? A resposta ficou complicada? E se a pergunta for outra: quantos minutos você leva para ir a todos os lugares na sua cidade? A resposta dessa pergunta já traz em si o conceito de crono-urbanismo, uma ideia de que o tempo é a melhor forma de medir o espaço urbano.
Criado pelo arquiteto Carlos Moreno, o crono-urbanismo ficou conhecido como a base para as “cidades de 15 minutos” – espaços onde o trajeto para atender às necessidades básicas não ultrapassa essa margem de tempo. No entanto, é também uma ideia que explica a forma pela qual as pessoas experimentam – ou deixam de experimentar – os espaços urbanos. De acordo com Moreno, era preciso mudar a relação que o urbanismo tem com o tempo de deslocamento dentro das cidades.
“Aceitamos que nas cidades, nossa noção de tempo é distorcida porque temos que desperdiçar muito dele nos adaptando à absurda organização e às longas distâncias da maioria das cidades hoje em dia”, disse Moreno no TED Talk, que popularizou o termo “cidade de 15 minutos” . Pensar em crono-urbanismo, portanto, significa questionar em profundidade o que a cidade oferece aos moradores para o uso de seu tempo de vida.
Acessibilidade e o crono-urbanismo
O tempo também é uma medida para entender a desigualdade. Em São Paulo, 70% da população leva mais de uma hora por dia para chegar ao trabalho, indicou a pesquisa do Ipec. Moradores da Zona Leste, por exemplo, passam, em média, 1 hora e 20 no trajeto para o trabalho. A média de minutos cai para 58 para aqueles que moram no centro da cidade, considerada uma região mais cara para habitação.
Os dados do Ipec ainda mostram que 76% das pessoas que gastam mais de duas horas para se deslocar diariamente pela cidade são das classes D e E. Uma outra pesquisa, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou que apenas os 10% mais ricos da população têm acesso a vagas de emprego a menos de meia hora de caminhada de onde moram.
“Um dado que apareceu como padrão geral para todas as cidades do Brasil é que as pessoas brancas e de mais alta renda têm acesso maior ao emprego do que as pessoas negras e de baixa renda; seja a pé, de bicicleta ou de transporte público”, indicou Rafael Ferreira, da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais do Ipea em entrevista ao Terra.
Cidades de minutos ou de horas?
A cidade para as pessoas é pensada no tempo que elas usam para usufruirem do seu espaço.O crono-urbanismo é uma das formas de se criar esse tipo de cidade, uma vez que coloca na conta não só o planejamento dos prédios, como também das calçadas, dos lugares públicos e do uso do ambiente como um todo. “Pensar em crono-urbanismo significa questionar em profundidade o que a cidade oferece aos moradores para o uso de seu tempo de vida”, disse Carlos Moreno em postagem em seu blog pessoal.
Em Paris, onde o conceito de cidade de 15 minutos foi levado para a realidade, uma série de medidas foi tomada para atingir o modelo. Ações como limitar as viagens de veículos particulares, aumento dos transportes públicos e das ciclovias foram a base para que a mobilidade chegasse aos sonhados 15 minutos.
Os ganhos ambientais chamam atenção, mas existem também os benefícios sociais de se pensar o urbanismo a partir do tempo. Ao ter mais tempo livre e desfrutar do ambiente e das suas vantagens, as cidades tornam-se mais amigáveis e menos estressantes, locais onde a cooperação é incentivada.
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