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Em Dubai, estrada de 64 km deve virar um corredor verde com 1 milhão de árvores
A meta é do projeto Dubai Green Spine, que quer melhorar a mobilidade e aumentar a qualidade de vida a partir da sustentabilidade.
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Redação em 22 de janeiro de 2025 5minutos de leitura
Imagem: Reprodução/ URB via LinkedIn
Transformar uma rodovia em um corredor verde com 64 quilômetros de extensão e redefinir a mobilidade urbana. Esse é o intuito do ambicioso projeto Dubai Green Spine, que pretende transformar a rodovia Sheikh Mohammad Bin Zayed Road (E311), a principal que passa por Dubai, em espaço sustentável para melhorar tanto a infraestrutura de transporte quanto a qualidade de vida da população, a partir de uma cidade mais verde. Isso a partir do plantio de um milhão de árvores e da instalação de infraestrutura para lazer e para meios de transporte não poluentes – bicicletas e bondes movidos a energia solar –, iniciativas que reduzem significativamente a pegada de carbono da cidade.
O projeto foi pensado para melhorar a qualidade do ar, reduzir o calor e oferecer, para moradores e visitantes, deslocamentos mais acessíveis e agradáveis, o que melhora a qualidade geral da vida no local e viabiliza um novo estilo de vida, baseado na sustentabilidade. O corredor verde terá áreas para prática de esportes, playgrounds e ciclovias, além de centros comerciais e culturais. E se assemelha ao conceito global de parques lineares, que são intervenções urbanísticas sustentáveis que geralmente acompanham rios ou antigas linhas de trem e são implantadas em áreas que precisam ser preservadas ou revitalizadas, o que ajuda a proteger o meio ambiente e a melhorar a qualidade de vida da população, fortalecendo a conexão dela com a natureza.
O Dubai Green Spine foi concebido pelo escritório de arquitetura URB, de Dubai, com projetos ousados não só localmente (como o Dubai Reefs), mas também na Arábia Saudita, no Kuwait, na África do Sul, no Egito e na Inglaterra. Todas as iniciativas capitaneadas pelo URB são pautadas pela sustentabilidade.
O Dubai Green Spine vai facilitar deslocamentos entre áreas da cidade residenciais, comerciais e culturais – o percurso com bondes movidos a energia solar vai durar apenas 20 minutos. O local também oferecerá ciclovias e caminhos para pedestres. Tudo isso para reduzir a dependência da cidade de automóveis e, assim, diminuir os congestionamentos e, consequentemente, as emissões de gás carbônico. Os amplos espaços verdes ajudarão a melhorar a qualidade do ar e reduzir o efeito das ilhas de calor. Dessa forma, o projeto busca valorizar a biodiversidade ao prever um milhão de árvores de espécies de plantas nativas variadas e adaptadas, que serão como refúgios verdes interconectados ao longo do corredor urbano. Além de embelezar a cidade, os espaços verdes irão desempenhar um papel ecológico fundamental ao servir de habitat para a vida selvagem. Também contribuirão para melhorar a saúde da cidade – e de quem mora nela ou é visitante.
Além da valorização do verde, o Green Spine quer incorporar tecnologia de ponta e planejamento urbano inteligente, com infraestrutura para Internet das Coisas (IoT, Internet of Things, em inglês) e para gerenciamento de tráfego em tempo real. Ao redor da rodovia verde de Dubai serão instalados edifícios com eficiência energética, para que o projeto seja adaptável a futuros avanços tecnológicos e desafios ambientais.
Ainda sem previsão de data de conclusão, o Green Spine faz parte do plano Dubai 2040, voltado para estratégias que priorizem a qualidade de vida das pessoas e o crescimento econômico da região nos próximos 20 anos, em Dubai, por meio das melhores práticas globais e do desenvolvimento urbano sustentável. Lançado pelo governo local em 2021, o plano busca garantir um futuro sustentável para moradores e visitantes conciliado com oportunidades de emprego a partir de centros de serviços integrados e planejados para atender às necessidades dos cidadãos e melhorar o bem-estar por meio de espaços verdes, centros comerciais e espaços recreativos. A meta é duplicar o tamanho dos espaços verdes e recreativos e as áreas destinadas a parques públicos.
Papel relevante na China
Não é só Dubai que tem buscado investir nas árvores como elemento que ajuda a melhorar a qualidade de vida. A China também aderiu à ideia. Segundo a agência de notícias estatal chinesa, Xinhua, o país intensificou seus programas de reflorestamento em 2023, com mais árvores plantadas e áreas restauradas para proteger o meio ambiente. De acordo com o órgão, cerca de 3,99 milhões de hectares de floresta foram plantados na China (3,83 milhões de hectares em 2022). O governo, afirma a agência, incentiva a população a plantar e cultivar árvores, doar dinheiro para essa finalidade e fazer trabalhos voluntários relacionados à arborização. Na China, além de papel relevante sob o ponto de vista ambiental, as árvores são fonte importante de receita. Em 2023, o valor da produção da indústria florestal e de pastagens atingiu US$ 1,31 trilhão, alta anual de 2,3%, e mais de 2,531 bilhões de viagens foram registradas em ecoturismo.
Case brasileiro
No Brasil também há projetos protagonizados pelo verde. No estado de São Paulo, um projeto urbanístico chama atenção pelo investimento em áreas verdes, o Cidade Sete Sóis. Em andamento nas cidades de São Paulo e Campinas, o projeto consiste em um novo conceito de bairro, que é centrado nas pessoas e concilia desenvolvimento imobiliário, planejamento urbano e sustentabilidade.
No Cidade Sete Sóis de São Paulo se destaca o cuidado com a biodiversidade e com a preservação e o desenvolvimento da fauna e da flora ao longo do bairro por meio de caminhos que permitem a circulação de animais. Uma avenida arborizada irá se conectar com as áreas verdes dos condomínios para garantir uma transição suave e sustentável entre as áreas urbanas e as naturais. O projeto de paisagismo valoriza a riqueza da biodiversidade local, com espécies típicas da Mata Atlântica (como araucárias) e criação de um pomar indígena, onde serão cultivadas frutas nativas, como araçá e jabuticaba, que fazem parte da tradição dos povos originários e das famílias brasileiras.
Para a arquiteta Cássia Mariano De Donato, professora de Paisagismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, os benefícios das árvores para os bairros e as cidades são inquestionáveis, especialmente sob o aspecto ambiental, pois influenciam fortemente o microclima. O plantio “é uma ação efetiva para enfrentar efetivamente as ilhas de calor, uma medida absolutamente eficaz, que melhora a qualidade do ar em função da filtragem e do processo da fotossíntese. E atribui conforto térmico ao passeio público”, ressalta ela.
“As árvores também são associadas ao aumento da biodiversidade e da vida silvestre nas cidades. Então, é preciso aumentar a diversidade de comunidades vegetais, especialmente por meio do uso de espécies nativas porque, dentro do ecossistema, são aquelas com as melhores e maiores condições de sobreviver dentro das demandas do estresse que a árvore passa no tecido urbano. Também podem constituir barreiras acústicas e aumentar a frequência da chuva, ou seja, quanto mais árvores tivermos, mais chuva, pela evapotranspiração”, comenta Cássia.
A professora explica que as árvores também são o elemento mais importante na cidade para prevenir e mitigar inundações porque ajudam na estabilidade de encostas. E, por realizarem evapotranspiração, são as responsáveis pela sensação de refrescamento, de diminuição da temperatura, que se sente quando se está embaixo de uma árvore. É aquele “fresquinho” agradável, aquele ar puro, que pode representar um refúgio, um momento de conexão com a natureza e de relaxamento, mesmo dentro do caos urbano. Uma pausa que pode fazer toda a diferença para desanuviar o ritmo intenso – e poluído – da vida nas cidades.
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