Cidade Sete Sóis: a ótica humana na smartcidade

Projeto Cidade Sete Sóis é lançado em São Paulo, trazendo o conceito de cidade inteligente centrada nas pessoas.

Por Redação em 9 de novembro de 2023 7 minutos de leitura

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Divulgação - MRV

Quando se fala de “cidades inteligentes” é comum visualizar um cenário à la “Os Jetsons”, repleto de tecnologia de ponta, conexões de Internet das Coisas (IoT), sensores, inteligência artificial e uma infinidade de dispositivos futuristas. No entanto, esses não são os únicos fatores que caracterizam uma smart city.

Um exemplo disso é o projeto Cidade Sete Sóis, um novo conceito de bairro, que tem sua primeira unidade na zona norte da capital paulista, mais precisamente no distrito de Pirituba. Lançado no último dia 31, o projeto da MRV traduz o conceito de cidade inteligente centrada nas pessoas, integrando desenvolvimento imobiliário, planejamento urbano e sustentabilidade, no sentido macro da palavra, incluindo os aspectos de ESG – da sigla em inglês para meio ambiente, social e governança.

Conforme explicam a gestora de Desenvolvimento imobiliário da MRV, Andrea Hasse, e a diretora de Desenvolvimento imobiliário da MRV, Camila Fiuza, o objetivo é criar um ambiente inclusivo, fundamentado em princípios sólidos de senso de comunidade e sustentabilidade. “Ao lidar com um empreendimento de grande escala como este, não podemos nos limitar à habitação. É importante considerar a interação das pessoas com o ambiente urbano. Por isso, buscamos trazer um modelo diferenciado de moradia, considerando o entorno”, diz Hasse.

O ponto de partida, como disse o CEO da MRV&CO Eduardo Fischer, no evento de lançamento para corretores, é o poder de transformação. “Habitação é muito mais amplo que um imóvel, pois a moradia tem o poder de transformar a vida das pessoas. É um eixo de transformação e progresso e o Cidade Sete Sóis amplia ainda mais esse poder, pois desde sua concepção já se conecta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)”, disse ele, que também é líder de ImPacto pelo Pacto Global da ONU Brasil.

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Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU Brasil) confirma essa relação. Segundo o levantamento, a habitação impacta todos os 17 ODS. Entre os principais benefícios estão o crescimento do PIB, diminuição da desigualdade econômica, economia local e solidária, geração de emprego e trabalho decente, além de melhorias na vida comunitária, emancipação feminina, meio ambiente e educação. 

Sete pilares, 17 ODS

“Sete Sóis” é uma alusão aos sete pilares que fundamentam o projeto, alinhados aos 17 ODS da ONU: Boa Vizinhança, Viva Verde, Desenvolvimento Urbano, Comodidades, Mobilidade Urbana e Acessibilidade, Tecnologia e Segurança.

“Ele foi desenvolvido por um time multidisciplinar de especialistas e tem toda sua infraestrutura pensada para proporcionar mais qualidade de vida e sustentabilidade, de forma acessível e democrática ao seu público e toda a região”, pontuou o diretor-executivo de Desenvolvimento Imobiliário da MRV&CO, Ronaldo Motta, no evento de lançamento.

Uma evidência desse compromisso é o selo Casa Azul da Caixa, que reconhece e promove iniciativas que adotam soluções eficazes para uma habitação mais sustentável. Isso implica não apenas em uma abordagem ecologicamente responsável durante a construção, mas também no compromisso contínuo com a redução do impacto ambiental e na promoção de práticas sustentáveis no dia a dia dos residentes.

Construindo comunidades fortes e inclusivas

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Divulgação – MRV

A relação com as pessoas começou já na fase de desenvolvimento por meio de audiências públicas, onde foram levantadas as principais questões para a comunidade, todas elas contempladas no projeto. E deve seguir a partir da estrutura de governança pensada para que haja a participação ativa, contínua e independente da comunidade por meio de uma associação de bairro. “A associação tem como objetivo criar um senso de pertencimento. Queremos que as pessoas se apropriem e cuidem das áreas públicas, aproveitando as diversas instalações e atividades que serão oferecidas no complexo, como ciclovias, pistas de caminhada, áreas de descanso e parques”, pontua Fiuza.

O “S” do social também está na forma como a infraestrutura foi planejada, contemplando espaços de convivência e interação que promovam o engajamento e a interação social. “A boa vizinhança está profundamente ligada à governança, pois não adianta apenas colocar as ideias no papel e construir. É essencial que haja um sistema de governança que oriente e mantenha tudo o que foi planejado, para que o objetivo final seja alcançado com sucesso”, destaca Andrea. “Quando falamos em bairro, não estamos apenas considerando as fronteiras físicas do complexo, mas também o impacto positivo que queremos gerar na região onde nos estabelecemos”, complementa Camila.

A visão de diversidade da Cidade Sete Sóis

Com o mote “cidade inteligente para todos”, o complexo será composto por 11 mil unidades habitacionais, de diferentes tipos, para famílias com renda mensal a partir de R$ 3 mil. “Nosso objetivo é concretizar no segmento popular conceitos que geralmente são associados ao padrão de alto luxo e tornar essas características acessíveis por meio do programa Minha Casa, Minha Vida”, anuncia Ronaldo Motta.

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Tanto o bairro quanto suas vias apresentam proporções e conceitos semelhantes, com a inclusão de avenidas espaçosas e ruas arborizadas. “Oferecemos uma variedade de produtos, desde habitações de interesse social até empreendimentos R2V, que são considerados de alto padrão. No entanto, estamos mantendo uma uniformidade em termos de características e padrões, desde o fechamento do local até as guaritas”, acrescenta Andrea. De acordo com ela, trata-se de uma estrutura planejada e desenhada para promover a convivência inclusiva de todas as pessoas, independentemente de suas diferenças.

Meio ambiente: 750 mil m² de área verde, um Parque Villa Lobos

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Divulgação – MRV

Outro ponto de destaque é a integração com o meio ambiente, desde o projeto, quando foi feito um mapeamento da área com o apoio dos órgãos ambientais municipais, estaduais e federais. Do total de 1,7 milhão de área, 70% eram ocupadas por eucaliptos, uma espécie invasora que compromete a qualidade do solo por consumir uma grande quantidade de água e nutrientes. Os demais 30%, de mata nativa, foram preservados e serão ampliados, totalizando 750 mil metros quadrados de área verde, incluindo as áreas de preservação, praças e um parque linear, o equivalente ao tamanho do Parque Villa Lobos, na zona oeste da cidade.

O cuidado com a biodiversidade se traduz também no planejamento urbano, como explica Andrea. “Estamos introduzindo passagens de fauna e flora ao longo do bairro, criando caminhos verdes que permitem a circulação de animais”. Camila acrescenta o desenvolvimento de uma avenida arborizada que se conecta com as áreas verdes dos condomínios para garantir uma transição suave e sustentável entre as áreas urbanas e as reservas naturais.

Assinado pelo botânico e paisagista brasileiro Ricardo Cardim, o projeto de paisagismo também traz para dentro do bairro a riqueza da biodiversidade local. Autor dos livros “Remanescentes da Mata Atlântica: As Grandes Árvores da Floresta Original e Seus Vestígios” e “Paisagismo Sustentável para o Brasil”, ele priorizou espécies típicas da Mata Atlântica, como as araucárias, e incluiu a criação de um pomar indígena, onde serão cultivadas frutas nativas, como araçá e jabuticaba, que fazem parte da tradição dos povos originários e das famílias brasileiras. “Nosso objetivo é proporcionar às crianças a experiência da natureza que pode ter sido perdida com a prevalência do mundo virtual, permitindo que elas subam em árvores e desfrutem de frutas colhidas diretamente do pé”, explica Cardim.

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Planejados e implementados com colaboração também do ICLEI – organização internacional dedicada ao desenvolvimento urbano sustentável -, os projetos paisagístico e urbanístico ainda incluem soluções baseadas na natureza.

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Olhos na rua

Em sua obra “Morte e Vida de Grandes Cidades”, a ativista Jane Jacobs enfatiza a importância da vitalidade urbana na criação de cidades mais equitativas e seguras. O conceito inspirou o projeto, que contempla permeabilidade visual e posicionamento estratégico de guaritas nos prédios para permitir que os moradores possam ter visão das áreas-chave da rua. É essa ocupação ativa, marcada também pelos diversos espaços de convivência e lazer, que concede vitalidade às cidades e promove a segurança, uma vez que os pedestres se tornam os “olhos nas ruas”, em uma espécie de vigilância natural. A presença de câmeras e lojas com fachadas ativas também contribuirá para criar um ambiente dinâmico e seguro.

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Tudo a uma caminhada de distância

Divulgação – MRV

Com ruas movimentadas, o objetivo é estabelecer um bairro de 15 minutos, uma comunidade onde os residentes possam facilmente acessar áreas de entretenimento, opções de transporte, estabelecimentos comerciais e outras necessidades diárias em uma curta distância a pé, reduzindo assim a dependência do uso de carros para locomoção.

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Para atingir esse propósito, o projeto da smartcidade prevê a disponibilidade de mais de 9 mil m² de espaços comerciais distribuídos em 25 lojas, além de mais de 20 mil m² divididos em 7 lotes comerciais destinados a estabelecimentos de maior porte. Com a redução das distâncias entre as residências e as atividades essenciais, a Cidade Sete Sóis contribui para a diminuição do tráfego e da poluição na região, fomentando também um estilo de vida mais sustentável e amigável ao meio ambiente.

A concentração de atividades comerciais e de lazer em proximidade residencial fortalece o senso de comunidade e promove interações sociais, enriquecendo a experiência urbana dos moradores que é, sem dúvidas, um dos pilares mais latentes do projeto.