Satélite meteorológico “turbinado” pode ajudar a prevenir desastres climáticos

Empresa japonesa lança primeiro satélite com sonda infravermelha que tem a finalidade de melhorar a previsão bruscas de mudanças climáticas.

Por Redação em 13 de junho de 2023 4 minutos de leitura

satelite meteorologico

O Japão acaba de fechar um contrato para construção de um novo – e mais eficaz – satélite meteorológico geoestacionário, o Himawari-10. Esse é o quarto exemplar desenvolvido pela Agência Meteorológica do Japão (Japan Meteorological Agency – JMA) em parceria com a Mitsubishi Electric, com a finalidade de melhorar a prevenção de eventos climáticos extremos.

Dessa vez, porém, a versão traz novidades que prometem potencializar a coleta de dados espaciais. Os modelos 8 e 9 ainda estão na ativa em órbita geoestacionária, mas o Himawari-10 será o primeiro exemplar japonês a usar uma sonda infravermelha hiperespectral. Dessa maneira, será possível coletar informações tridimensionais sobre vapor d’água e temperatura atmosférica, medindo raios infravermelhos com alta resolução espectral, com o intuito de melhorar a previsão de chuvas fortes e torrenciais, bem como a passagem de tufões.

Satélite meteorológico geoestacionário contra desastres climáticos

Satélite Himawari-10 (Foto: Reprodução/ Mitsubishi Electric Corporation)

Além de coletar informações com a radiação eletromagnética, o sensor espacial também medirá a intensidade dos feixes de prótons e elétrons no espaço, que geralmente são a causa do mau funcionamento da espaçonave, para aumentar a confiabilidade da previsão.

E, para facilitar o acesso aos dados climáticos, o satélite meteorológico – que completa em órbita a rotação ao redor do planeta no tempo de 24 horas – ainda conta com um sistema de estabilização de atitude de alta precisão e um software de processamento de dados terrestres que calibram os dados do imageador e da sonda, o que maximiza o desempenho do sensor. 

Quando colocados em órbita geossíncrona, os satélites permanecem o tempo todo sobre a mesma área da superfície da Terra, proporcionando uma visão contínua e em tempo real do clima global.  Além dos dados sobre temperatura, umidade, vento, nuvens e precipitação, eles também podem fornecer imagens de alta resolução das áreas afetadas pelos desastres climáticos. Isso permite que as equipes de resposta avaliem a extensão dos danos e, assim, coordenem os esforços a fim de promoverem o socorro de uma forma mais eficaz.

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O furacão Katrina foi previsto antecipadamente via satélite

Outra característica – e vantagem –  é que os satélites têm a capacidade de prever os desastres climáticos com antecedência, permitindo que os governos e outras partes interessadas se preparem adequadamente e tomem medidas preventivas para minimizar os danos causados. Essa previsibilidade é particularmente útil para minimizar os efeitos devastadores de furacões, tufões, tempestades, enchentes e secas.

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Furacão Katrina

Exemplo disso é que em 2005, o sistema geoestacionário foi usado para monitorar a trajetória da tempestade que deu origem ao furacão Katrina enquanto ela se aproximava da costa dos Estados Unidos. O monitoramento, então, permitiu que as autoridades locais emitissem ordens de evacuação com antecedência, minimizando a tragédia. Da mesma forma, durante o terremoto no Nepal em 2015, os satélites foram usados ​​para fornecer imagens das áreas afetadas, permitindo que as equipes de resgate identificassem locais seguros para a entrega de suprimentos de emergência para a população.

Com as mudanças climáticas cada dia mais aparentes, as empresas de engenharia aeroespacial, eletrônica, comunicação via satélite, ciência da computação e outras áreas relacionadas, têm investido esforços e verba para obterem informações meteorológicas mais precisas e em tempo real.

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Resposta do espaço a desastres ambientais vem da precisão

As informações coletadas pelos satélites de observação da Terra são enviadas para centros de monitoramento e previsão meteorológica, onde são processadas e analisadas para identificar padrões climáticos e possíveis eventos extremos no futuro. Essas informações são então compartilhadas com agências governamentais, organizações humanitárias e outras partes interessadas envolvidas na resposta aos desastres.

Ter uma uma ferramenta que pode prever e entender a variabilidade climática e suas possíveis causas, bem como as mudanças futuras no clima, é algo muito importante. Essa compreensão pode ajudar a mitigar os impactos negativos das mudanças climáticas, como secas, inundações ou ondas de calor. E a tecnologia espacial tem desempenhado um papel crucial nesse processo.

Além da comunicação por satélite, também existem outras tecnologias de comunicação que podem ser usadas para facilitar a resposta a desastres climáticos. Os drones, por exemplo, podem ser usados ​​para entregar suprimentos de emergência ou fornecer imagens de áreas afetadas em tempo real. Já as redes sociais também ajudam a disseminar informações importantes para pessoas em áreas de risco e ajuda a reunir equipes e esforços.

Vale lembrar que o combate às mudanças climáticas corresponde ao 13° dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) criados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para cumprir com os acordos feitos na Agenda 2030. Seu princípio consiste em “tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos”. Diante disso, toda medida – seja ela vinda da terra ou do espaço – é muito bem-vinda!