Tecnologia na mobilidade urbana molda cidades inteligentes

O avanço da tecnologia na mobilidade urbana está impulsionando uma revolução nas cidades, promovendo mais eficiência e qualidade de vida.

Por Redação em 5 de outubro de 2023 6 minutos de leitura

tecnologia na mobilidade urbana

A evolução tecnológica não se limita a otimizar as operações urbanas, mas também desempenha um papel crucial no aprimoramento da qualidade de vida dos habitantes. Trata-se do fenômeno das cidades inteligentes, onde a harmonização entre tecnologia de ponta e administração eficiente rumo ao bem-estar público ganha proeminência.

Contudo, no contexto dos desafios impostos pela mobilidade nas cidades brasileiras, a busca por uma fluidez eficaz e pela segurança no trânsito assume a forma de uma empreitada desafiadora, demandando investimentos substanciais em soluções de vanguarda e uma estratégia baseada em inteligência.

Transformação urbana inteligente

Um recente levantamento realizado pela Câmara de Smart Cities da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), em parceria com a Academia Fiesc de Negócio, revela projeções impressionantes para o mercado global de tecnologias destinadas à transformação de cidades em centros urbanos inteligentes. De acordo com o estudo, o valor atual de US$ 511,6 bilhões destinado a essas inovações está previsto para atingir a marca de US$ 1 trilhão até 2027.

Os números evidenciam uma tendência: gestores públicos estão investindo consideravelmente na modernização das cidades. Cada vez mais, a agilidade, eficiência e modernidade urbanas são prioridades para atender às demandas da população de maneira humanizada.

O Sistema Integrado Inteligente Splice (SIIS), elaborado pelo Grupo Splice, uma corporação especializada em soluções tecnológicas para os segmentos de infraestrutura e mobilidade urbana, é uma das ferramentas que viabilizam essa transformação. Com a proposta de aprimorar a qualidade de vida e o bem-estar da população de forma abrangente, a plataforma de múltiplos protocolos reúne softwares e hardwares, além da inteligência artificial, dados e painéis completos que ajudam a gestão urbana.

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Luminárias LED na praça Duque de Caxias (Foto: Fabricio Lima/Prefeitura Municipal de Vila Velha)

Um exemplo do uso da plataforma está em Vila Velha/ES, onde uma colaboração entre os setores público e privado tomou partido na gestão da iluminação pública. Isso envolveu a operação e manutenção das unidades de iluminação, bem como a instalação de iluminação nos principais patrimônios culturais. 

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Também ocorreu uma modernização e aumento da eficiência das mais de 37 mil luminárias de LED, sendo metade delas controladas por telegestão nas vias de tráfego intenso, por meio do Centro de Controle Operacional (CCO). Além dos benefícios na qualidade de iluminação e segurança pública, a modernização resultou em uma redução de 63,59% no consumo de energia da cidade.

Tecnologia na mobilidade urbana pode mudar as cidades

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De acordo com a consultoria Market and Markets, o mercado global das cidades inteligentes, avaliado em cerca de US$ 410 bilhões, está previsto para expandir significativamente, alcançando aproximadamente US$ 820 bilhões até 2025. Nesse contexto dinâmico, é provável que haja um aumento na disponibilidade de tecnologia na mobilidade urbana nos próximos anos. Dentre as inovações, destacam-se o lançamento de aplicativos para compartilhamento de viagens, integração de bicicletas elétricas, entre algumas outras iniciativas listadas a seguir. 

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Veículos elétricos

O debate em torno dos veículos elétricos ganhou força impulsionado pelas crescentes discussões sobre os pilares ESG – governança ambiental, social e corporativa.

Há empresas engajadas no desenvolvimento de veículos elétricos, tanto de uso pessoal como soluções logísticas. Para elevar a mobilidade a um novo nível, grandes players estão se unindo. Sony e Honda, por exemplo, sinalizaram uma parceria para desenvolver uma frota de veículos elétricos. A Volvo, por sua vez, projeta que seu portfólio seja 100% eletrificado até 2030, marcando um passo significativo em direção à sustentabilidade.

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Rotas de ônibus em tempo real 

A obtenção de informações em tempo real sobre os transportes públicos é a base para que aplicativos em dispositivos pessoais ou em monitores nos terminais públicos melhorem a experiência dos passageiros.

A atuação de diversos aplicativos que oferecem monitoramento de ônibus em tempo real já é uma realidade nas principais cidades do Brasil. Entre eles estão o Moovit, Cittamobi e Cadê o ônibus?. Até mesmo o Google Maps agregou essa funcionalidade. O grande diferencial: todos esses aplicativos são gratuitos e compatíveis com os sistemas Android e iOS.

Em Fortaleza, a quinta maior cidade do Brasil, a consultoria de mobilidade e gênero NINA fornece tecnologias para rastrear, padronizar e centralizar o deslocamento em cidades. Criada pela designer e empreendedora social Simony César, a NINA foca na mobilidade de mulheres e os problemas associados à ela.

Transporte on demand

Pode parecer um conceito futurista, porém, os ônibus sob demanda já são uma realidade em diversos países. Essa inovadora abordagem coloca nas mãos dos passageiros a capacidade de escolher onde e quando desejam ser pegos e deixados pelo ônibus, por meio de um simples aplicativo.

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Assim, os ônibus traçam rotas otimizadas. O resultado é uma experiência de viagem personalizada e eficiente, onde ninguém precisa enfrentar longos períodos de espera ou percursos desnecessários.

Através das plataformas de Mobility as a Service (Maas), os residentes urbanos agora têm a flexibilidade de se deslocar conforme suas necessidades, sem a necessidade de possuir um veículo próprio.

Na Europa, a ideia de compartilhar carros já se consolidou como uma prática comum. Os usuários têm a liberdade de retirar esses veículos em locais estratégicos, transformando o ato de dirigir em uma experiência mais acessível e flexível. Além disso, algumas empresas estão levando essa ideia adiante, permitindo que os residentes disponibilizem seus próprios automóveis para aluguel durante os períodos em que não estão em uso. Esse modelo de negócio já começou a ganhar tração no Brasil, embora por enquanto esteja mais concentrado em grandes metrópoles.

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Controle de tráfego por meio da tecnologia

O avanço da inteligência artificial tem dado origem a um notável crescimento na automação de processos. Uma aplicação em ascensão promissora é a utilização da IA para análise de imagens de tráfego.

A Sensortraffic, uma empresa especializada em sensores de movimento, está na vanguarda dessa tendência, desenvolvendo um sistema de semáforos inteligentes. Esse sistema não apenas detecta veículos e suas velocidades, mas também se destaca pelo armazenamento de dados. Essas informações compiladas geram estatísticas de tráfego, fundamentais para embasar o planejamento urbano

Em um futuro moldado por essa tecnologia, a capacidade de rastrear o volume real de veículos em circulação durante diferentes períodos possibilitará a formulação de estratégias para uma distribuição mais eficaz do fluxo de tráfego. Através dessa abordagem inteligente, as cidades estão gradualmente adentrando uma era em que os semáforos não apenas coordenam o tráfego, mas também geram insights vitais para uma mobilidade urbana aprimorada.

Apps de aluguel de bicicletas

Como transporte alternativo, a bicicleta oferece vantagens, como mais qualidade de vida e facilidade de deslocamento para trajetos curtos e médios, a menor custo e sem emissão de poluentes. Em linha com a transformação na forma de consumir, em que a aquisição dá espaço ao usufruto, o compartilhamento de bicicletas, facilitado pelo uso da tecnologia, incentiva essa prática. Vários aplicativos de aluguel de bicicletas estão disponíveis cidades afora, incluindo a Tem Bici, uma startup de mobilidade. À medida que as bicicletas ganham mais espaço nas cidades, a tecnologia dá um impulso extra à revolução da mobilidade urbana.

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Sustentabilidade também faz parte da equação

A promoção da tecnologia na mobilidade urbana, combinada com iniciativas sustentáveis, como a coleta apropriada de resíduos e a otimização dos sistemas de água e energia, desempenha um papel crucial na preservação de recursos naturais e na redução das emissões de gases de efeito estufa nas cidades.

Segundo o Relatório Global de Transporte e Mudanças Climáticas de 2018, os veículos automotores são responsáveis por 45% das emissões totais de CO², destacando os automóveis como um dos principais contribuintes para os problemas ambientais, enquanto também ampliam a ocupação do espaço urbano e o congestionamento.

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VLT, na cidade do Rio de Janeiro

O relatório sugere que o investimento em sistemas de transporte público como metrôs, veículos leves sobre trilhos (VLTs) e sistemas de transporte rápido, como as faixas exclusivas para ônibus, são alternativas eficazes. Ao adotar essas soluções, as cidades não apenas melhoram a mobilidade, mas também tomam medidas concretas para um futuro mais verde e sustentável.

Olhando para as principais cidades globais em termos de sustentabilidade e inovação, fica evidente que a aliança entre tecnologia e mobilidade é um dos pilares do futuro, delineando um horizonte que une eficiência e responsabilidade ambiental de maneira inovadora e transformadora.