Wi-fi de graça é próximo passo da cidade inteligente
Oferta de Wi-fi de graça na rua traz conectividade para o espaço e para os cidadãos, um instrumento para as cidades inteligentes.
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Redação em 1 de abril de 2022 3minutos de leitura
Com 152 milhões de usuários da web, cerca de 80% da população acima dos 10 anos de idade, o Brasil ainda tem um caminho para completar a digitalização dos cidadãos e os municípios têm um papel importante nessa jornada. Antes visto como um “presente” extra ofertado pelas cidades, o wi-fi de graça alçou o status de serviço essencial. Afinal, 60% da população brasileira acessam a internet exclusivamente pelo celular, segundo a última pesquisa TIC Domicílios, que tem o objetivo de mapear o acesso à Tecnologia da Informação e Comunicação nos domicílios urbanos e rurais e suas formas de uso. Além disso, outro estudo, dessa vez da consultoria McKinsey, mostrou que pelo menos 25% das conexões de smartphones são feitas exclusivamente via wi-fi.
Nesse cenário, o número de cidades que oferecem wi-fi e até mesmo a quantidade de pontos disponibilizados aumentaram. Foi o caso da cidade de São Paulo. Em 2019 havia na capital paulista menos de 150 pontos de wi-fi de graça. Atualmente esse número ultrapassa os 500.
Wi-fi também é serviço essencial
De acordo com o cálculo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um aumento de 10% na penetração dos serviços de wi-fi e internet banda larga na América Latina estaria ligado a um aumento de 3,2% no PIB dos países da região, além de um aumento de produtividade de 2,6%. “Levar internet para uma localidade com pouca ou nenhuma conexão é também levar um serviço essencial para a população”, justificou o ministro das Comunicações do Brasil Fábio Faria em entrevista ao site oficial do Ministério. “Quando o MCom coloca essa antena em uma comunidade, a partir daquele momento, as pessoas passam a contar com acesso à internet gratuito e ilimitado, para o resto da vida”, afirmou o ministro.
Essa importância ficou ainda mais evidente durante a pandemia, quando boa parte dos trabalhadores passaram a trabalhar de maneira remota, de suas casas. Para quase 75% dos trabalhadores brasileiros, a internet banda larga é item fundamental em suas residências. Outro exemplo foi a migração das aulas presenciais para o formato online: mais de um terço da população teve dificuldade de acessar às aulas devido a falhas de conexão com a internet.
O acesso à internet também reflete as desigualdades sociais. Embora 81% da população estejam na internet, o acesso ainda é menor entre as pessoas das classes sociais D e E.
Wi-fi como instrumento essencial para cidades inteligentes
A cidade inteligente também é aquela que oferece serviços digitais para os cidadãos. Em entrevista ao site da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o líder do projeto Cidades Inteligentes da Agência, Carlos Frees, explicou que “à medida que a cidade vai se tornando inteligente, os serviços públicos ficam mais acessíveis pela internet. Acaba sendo criado um ciclo que impulsiona a população a buscar a rede”, disse ele. Segundo Frees, o oferecimento de wi-fi nas cidades pode até mesmo ajudar a baixar o preço cobrado pelas operadoras. Lembrando que o país é o 49º do mundo com a menor média de preços de pacotes de banda larga.
Em linha com esse princípio e figurando em 2021 pelo segundo ano consecutivo em primeiro lugar no Ranking Connected Smart Cities, a capital paulista acrescentou uma área de tecnologia de informação e comunicação no plano estratégico da gestão municipal. “Quanto mais a tecnologia é posta como parceira estratégica, mais diminuímos o descompasso entre a sociedade, já muito digital, e o Estado, que ainda é visto e funciona, em grande parte, de forma bastante analógica”, disse o secretário municipal de Inovação e Tecnologia do município de São Paulo Daniel Annenberg.
Também no pódio de 2021 das smart cities brasileiras, em terceiro lugar, Curitiba tem adotado a oferta de Wi-Fi de graça nas calçadas. Ao longo de 2020, o número de cadastros para acesso às redes públicas no Mercado Municipal cresceu 107%. A cidade agora pretende, em parceria com o Instituto das Cidades Inteligentes, ligar esses pontos de conectividade com os aplicativos de serviços públicos, como o Saúde Já.
De olho no turismo
O wi-fi de graça também é um fator importante para cidades turísticas, já que não só ajuda os turistas, como auxilia na promoção de espaços nas redes sociais. Nessa área, o Brasil tem um caminho longo para melhorar.Levantamento feito pelo Ministério do Turismo mostrou que 74% das rotas estratégicas turísticas brasileiras não oferecem conexão wi-fi pública e gratuita. A falta de planejamento e de estrutura local são os principais motivos. E mesmo nas que oferecem, o serviço não atende à qualidade e velocidade necessária: apenas 36% dos destinos atendem a conexão e velocidade mínima esperada da internet.
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