Quadras de basquete e pistas de skate já são espaços de convivência e, no Rio de Janeiro, estão se transformando em um lugar onde a arte está presente. Projeto liderado pelo artista Antonio Ton e pelo coletivo de arte urbana Sónacorreria leva cores e desenhos geométricos para os espaços de convivência pública em comunidades cariocas.
Ton e dezenas de artistas e comunidades esportivas estão revitalizando quadras e pistas de skate usando criatividade e muita tinta, desde 2019. Até hoje, já foram refeitos espaços em Madureira, Cesarão, Realengo e Rocinha. Os desenhos são feitos para que, quando vistos de longe, transformem todo o entorno em uma pintura a céu aberto.
“A cor muda a frequência energética do espaço. Quando a gente chega, está tudo cinza e a pintura traz uma certa alegria. As pessoas que ajudam a pintar fazem parte disso – tanto a cultura do basquete quanto a do skate, o que traz a pintura para esse espaço social”, disse Ton, em entrevista à Bienal de São Paulo.
Cor para a cidade


Além de mudar a “energia” do espaço, as pistas de skate com arte transformam todo o entorno e a relação das pessoas com aquele lugar. “A transformação dos espaços públicos das comunidades através da arte é muito importante. As cores mudam a frequência do lugar, despertam interesse, aumentam a autoestima e geram uma troca especial entre os moradores e a arte. Eles passam a cuidar mais dos espaços ocupados, se sentem parte do ambiente”, disse Ton, em entrevista ao ArchDaily.
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Cada transformação é feita com apoio de artistas locais. Segundo Ton, são necessários três dias de pintura e mais um para aplicar a resina. O artista já chegou até mesmo a pintar em companhia de 40 voluntários. A transformação, dessa forma, começa antes mesmo das pinturas prontas.
Ton se inspira nos desenhos da quadra de basquete para criar um design geométrico capaz de ser visto de cima. A ideia é mudar a visão de todos sobre os ambientes periféricos e mostrar, mesmo do alto, que ali é espaço de esporte, arte e criatividade.
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Arte e basquete



“A quadra de basquete tem um formato arquitetônico para jogar. Uso as linhas do esporte como apoio, jogo junto”, explicou Ton, em entrevista ao Jornal O Globo. Depois de produzidas, as pinturas dão ressignificado até mesmo para os praticantes do basquete. “A pintura potencializa o esporte”, afirmou Ton, ao ArchDaily.
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O artista lembra do que aconteceu com o time mirim do projeto social de basquete Cruzada. Com a quadra antiga, o time perdia; assim que o espaço foi pintado e ressignificado, o time passou a vencer as partidas.