Empresas encontram na lignina, material oriundo das árvores, uma matéria prima para fabricação de baterias sustentáveis
O conceito de economia circular vem se difundindo cada vez mais nas empresas. Não à toa, a produtora de papel finlandesa Stora Enso resolveu se unir à sueca Northvolt para criar baterias sustentáveis de carvão duro à base de lignina, um polímero extraído das árvores.
Para entender essa relação entre as empresas, é preciso saber que o polímero contém carbono – material ideal para o ânodo das baterias. O objetivo é desenvolver a primeira bateria industrializada do mundo com ânodo proveniente inteiramente de matérias-primas renováveis europeias.
Em entrevista para a BBC, o head de inovação de biomateriais da Store Enso, Lauri Lehtone, revelou que a empresa contratou cientistas para desenvolver e fornecer seu material de ânodo à base de lignina, originário de florestas geridas de forma sustentável, enquanto a Northvolt conduzirá o design de células, o desenvolvimento do processo de produção e a expansão da tecnologia.
A evolução sustentável desse projeto se apresenta na produção do carbono utilizado no ânodo. Explica-se que o ânodo é o eletrodo negativo da bateria, enquanto o positivo é chamado de cátodo. Os íons, que são as partículas carregadas, fluem entre essas duas partes para gerar a carga.
Para tomar a forma de grafite sintético usada no ânodo, o carbono precisa ser aquecido a temperaturas de até 3.000°C por semanas seguidas, uma energia que costuma vir de usinas a carvão na China. Segundo Lehtone, apesar da extração da estrutura derivada da lignina também necessitar do aquecimento, isso pode ser feito em menor escala. Ademais, o polímero será extraído do subproduto do processo de fabricação de papel, evitando, assim, derrubar novas árvores.
Com uma demanda cada vez maior por carros elétricos e armazenamento de energia, espera-se que a procura global por baterias tenha um crescimento acentuado nos próximos anos. Visando o progresso – e o mercado automobilístico -, a Store Enso e a Northvolt já planejam fabricar até 2025 baterias de carregamento rápido, capazes de atingir a carga total em apenas oito minutos.
