Elas transformam: projeto capacita mulheres na construção civil

"Elas Transformam" da MRV oferece curso gratuito de manutenção predial para mulheres. Iniciativa está em linha com a transformação do setor.

Por Redação em 1 de agosto de 2023 2 minutos de leitura

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Em parceria com o Senai, o programa “Elas Transformam”, da MRV, capacita mulheres em situação de vulnerabilidade social para o setor de construção civil. Voltado para formação de técnicas em manutenção predial, o curso gratuito já está em sua segunda edição, com realização em Campinas/SP. 

“O mercado sempre irá precisar de profissionais especializados e comprometidos no segmento. Por isso, novas oportunidades surgem diariamente tanto no setor, como para o público feminino” explicou Íngrade Brandão, coordenadora da área da Qualidade e Pós Entrega da MRV e Head do projeto, em comunicado para a imprensa.

Durante o curso de 180 horas, as mulheres terão aulas práticas e teóricas de manutenção predial. Temas como troca de pastilhas, revestimento de fachada, modernização elétrica e pintura fazem parte do currículo.

Após a capacitação, as alunas que tiverem o melhor desempenho poderão ser contratadas em futuras oportunidades da MRV. Durante o curso, a companhia vai custear o deslocamento e a alimentação.

Elas transformam para transformar 

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O curso está em linha com a transformação pela qual o setor vem passando nos últimos anos, conforme explica Íngrade. Na primeira turma do “Elas Transformam”, foram 10 mulheres formadas. E a procura foi tanta que foi necessário mais do que dobrar as vagas. “O número de formandas no projeto piloto realizado no ano passado mostra que existe ainda muito espaço para essas mulheres. Parcerias como essa que estamos repetindo irão contribuir enormemente para o processo de inclusão”, disse a coordenadora.

Entre 2007 e 2018, as mulheres responderam por um aumento de 120% de participação na construção civil. Dados do Ministério do Trabalho mostram que a participação de mulheres no setor passou de 7,1%, em 2007, para 10,85%, em 2021. 

A força das engenheiras civis também aparece. Segundo o Censo da Educação Superior brasileiro, em 2022, mulheres foram 21,6% dos matriculados em cursos de engenharia no Brasil. De acordo com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, as engenheiras representam 20% do total dos profissionais do setor registrados no País. Na arquitetura, a maioria já são mulheres: 62%, de acordo com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU). No Paquistão, como contou a primeira arquiteta paquistanesa Yasmeen Lari, elas são o foco do programa que busca criar comunidades mais resilientes e sustentáveis.

O movimento para conquistar a equidade de gênero abrange todos os setores relacionados à construção civil, demandando iniciativas, que vão do planejamento urbano, a partir da perspectiva da mulher, como defende a pesquisadora da Universidade de São Paulo Haydée Svab, à mobilidade urbana até o desenvolvimento urbano como um todo. Embora haja o crescimento das oportunidades, as mulheres ainda enfrentam muitos desafios para conquistar um lugar em um ambiente considerado masculinizado, como o mercado imobiliário.

Mas como acredita a coordenadora do Núcleo de Mulheres e Territórios do Arq.Futuro do Insper Juliana Mitkievicz, a cidade do futuro terá a força e a potência femininas. “A cidade ideal é governada por coletivo de mulheres e de diferentes grupos representados, com processo democrático e inclusivo de elaboração, aprovação e execução de políticas públicas… a criança desse futuro vai ler nos livros de história que no passado houve desigualdade de gênero, racial e social”, disse ela em entrevista ao Habitability.