Internet 5G, impactos extrapolam os sentidos na palma da mão

Diretor líder em Tecnologia 5G da Accenture Brasil fala das promessas da internet 5G para as cidades

Por Redação em 12 de setembro de 2022 4 minutos de leitura

internet 5g

A internet 5G chegou às principais capitais brasileiras. Com a nova rede de internet móvel, chega também um certo encanto com as possibilidades da tecnologia: internet mais veloz, possibilidade de conexão com dispositivos em tempo real e tempo de resposta baixo. Mas muito além das facilidades que ela deve agregar ao usuário final, na palma da mão, o que o 5G significa para as cidades?

“As pessoas acabam achando que o 5G é somente sobre uma conexão melhor no celular, mas ele vai melhorar a vida de muitas outras formas. O objetivo das tecnologias é sempre buscar a melhora da habitação para todos”, explica o diretor líder em Tecnologia 5G da Accenture Brasil, José Marcelo Vilela, em entrevista ao Habitability. De acordo com ele, três aspectos da internet 5G impactam diretamente às cidades: dados, velocidade e latência. 

As pessoas acabam achando que o 5G é somente sobre uma conexão melhor no celular, mas ele vai melhorar a vida de muitas outras formas.

Conhecido entre especialistas como “a internet do IoT”, “no 5G puro há rede para até 1 milhão de dispositivos conectados em 1 quilômetro quadrado. É uma capacidade de conectar dispositivos que vai permitir que os aparelhos de infraestrutura das cidades estejam ligados à internet em tempo real”, ilustra Vilela. 

A internet 5G e o tempo real

Além da capacidade, a velocidade também chama atenção: o 5G pode ser entre 10 e 100 vezes mais veloz do que o 4G. “A velocidade é muito mais importante do que se imagina. Ela se traduz em maior número de dados trafegados em determinado período e permite que imagens com maior definição sejam trocadas rapidamente”, exemplifica o executivo.

5g cidade

Já a baixa latência, que é o tempo de resposta rápido, traz a capacidade dos sistemas digitais captarem e entenderem os dados quase que simultaneamente. “A latência baixa permite responder praticamente em tempo real. E vai ser possível ver a internet chegando a casos de uso que envolvem missões críticas e que dependem de reações instantâneas, como controlar o fluxo de carros das cidades”, acrescenta. “Tudo isso torna a cidade mais inteligente. O processamento em tempo real do 5G permite administrar dispositivos, como semáforos, de acordo com a necessidade atual dos veículos. É algo muito novo. Não será preciso fazer um estudo para entender se os semáforos vão ser mais eficientes em certos horários ou dias, mas, sim, controlar o tráfego a partir dos dados ao vivo. Isso vai tornar a cidade mais eficiente”, comenta o executivo.

O tempo real também significa que a detecção de quaisquer problemas ou anormalidades será mais rápida, o que dá à cidade um tempo precioso para proteger os cidadãos em caso de catástrofes. Em outras palavras: ajuda a cidade a atingir a resiliência, tão necessária em momentos de crise climática.  

Segurança avança em 5G

A combinação dos três aspectos principais da internet 5G também abre portas para a melhora na segurança pública. “Câmeras conectadas a servidores poderão levar imagens de qualidade para a central, onde será possível ter sistemas de vídeo analytics em tempo real para definir se há alguma ocorrência que pode ser impedida ou na qual a polícia precisa intervir”, disse o executivo.  

camera 5g

Tal plataforma de segurança pública parece ficção científica, mas, segundo Vilela, já poderia ser colocada em prática hoje, contando com a rede e as tecnologias existentes. “É possível coletar dados e entendê-los para agir de forma preditiva e preventiva”, explica ele, dando como exemplo uma situação de inundação: “dá para ir além da sirene de aviso. É possível ter uma ação mais rápida, que analisa os índices pluviométricos, os compara com outros dados históricos e, a partir de um cruzamento inteligente de informações, consegue calcular se poderá acontecer alguma enchente”.

Infraestrutura digital e eficiente

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A área de utilidades públicas, como infraestruturas de água e energia, também serão beneficiadas a partir da chamada Internet das Coisas, ou, no termo em inglês, Internet of Things (IoT). Com devices de análise espalhados e conectados à infraestrutura urbana, por exemplo, será possível monitorar e prever problemas da rede elétrica, o que torna a manutenção urbana mais eficiente. 

“Quando passarmos da energia unidirecional para a energia livre, será necessário ter dispositivos contabilizando o quanto as casas ou áreas públicas produzem de energia solar para poder vender no mercado livre. O 5G vai habilitar esse uso”, disse o executivo. O controle do uso de energia em tempo real muda a gestão pública, que vai visualizar e entender os pontos de perda ou de ganho energético. A contabilização chegará também na quantidade de carbono emitido. 

Outro ponto, diz Vilela, está dentro da sala das pessoas. “O conjunto de tecnologias ligadas ao 5G torna cada vez mais possível a digitalização das casas, as chamadas smarthomes”. Mas, alerta ele, para absorver o grau de conectividade que o 5G trará, as incorporadoras e construtoras terão que entrar no jogo.“Para chegar ao futuro das cidades inteligentes, incorporadoras e construtoras vão se unir aos municípios para habilitar novas estruturas de soluções de smart city”, diz ele. É o que aconteceu nos Estados Unidos, na construção da National Landing – a primeira “smart city 5G”. As construções do bairro em duas cidades da Virgínia já contam com antenas de 5G e suportes a rede em seu interior, como dutos de cabos de fibra óptica.  A partir dessa visão, Vilela prevê que as construtoras vão virar “provedores de capacidade digital”. “Serão mais do que empresas do real state. Serão empresas de tecnologia”, finaliza o executivo.