Arquitetura emocional será tendência para 2023

Com olhar específico sobre o efeito dos lugares nas pessoas, a arquitetura emocional coloca o ser humano no centro das experiências

Por Redação em 19 de janeiro de 2023 3 minutos de leitura

arquitetura emocional

Aconchego, paz, felicidade e até tristeza. O espaço pode evocar muitos sentimentos para as pessoas. Observar esta conexão entre a sensação humana e o espaço físico é função da chamada arquitetura emocional. A tendência coloca o bem-estar de quem usa o local no centro do projeto e tem tudo a ver com a busca das cidades e ambientes urbanos para promover a saúde mental dos cidadãos.

O conceito não é nada novo. Ele nasceu nos anos 50, sendo inaugurado num manifesto durante a apresentação do Museu Experimental El Eco, na Cidade do México, apresentado pelo arquiteto Luis Barragan e o escultor e pintor Mathias Goéritz. “A arte em geral, e naturalmente também a arquitetura, é um reflexo do estado espiritual do homem de seu tempo”, diz o documento. 

Em 2023, a procura das cidades por resiliência e bem-estar dos cidadãos levará naturalmente para que os planejadores e arquitetos usem as sensações criadas como guia para a construção.

Imersão nos sentimentos

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A emoção humana é um fator importante ao projetar arquitetura, porque quando a arquitetura se conecta emocionalmente com os ocupantes, a mensagem que um arquiteto quer passar por meio de seu trabalho e a mensagem que ele quer transmitir é sentida mais profundamente e deixa uma impressão duradoura. 

“A arquitetura emocional busca pelo sentimento, na emoção e no elo de todas as emoções humanas no lugar em que vivemos, é uma arquitetura que resgata a memória afetiva, seja através de texturas, seja por causa de um mobiliário, por meio das cores e dos objetos. Tudo o que nos traz uma memória agradável e que nos leva a sensações de bem-estar nos direciona para a emoção”, explicou o arquiteto e urbanista Marcelo Guedes, em artigo publicado na revista UrbaNova .

Se no interior o mobiliário faz diferença, na área de fora elementos como água, luz, cor, forma, estilo e sons provocam emoções que permitem o usuário se envolver, estressar, relaxar ou se interessar pelo lugar. Por exemplo, o World Trade Center é conhecido anteriormente como o marco zero ou a pilha em Manhattan, Nova York. Reflecting Absence homenageia as vítimas dos ataques de 11 de setembro, consiste em um campo de árvores interrompido pelas pegadas das torres gêmeas. Áreas de água preenchem os espaços, sob as quais fica um espaço memorial cujas paredes carregam os nomes das vítimas. O design desencadeia emoções como orgulho, tristeza, gratidão ou pesar, aumentando a natureza reflexiva do site.

No século 21

Atualmente, com o crescimento da neuroarquitetura, o assunto ganhou força e mais ferramentas para se tornar efetivo. Além disso, a tecnologia trouxe formas de trazer as emoções para o planejamento. Como no caso do projeto europeu Mindspaces, que utiliza realidade virtual para analisar como moradores se sentem em espaços públicos para, depois, fazer as alterações necessárias. 

No espaço das cidades, a ideia vem no planejamento e também na incorporação de cores por meio de arte urbana. Mobiliários inclusivos também fazem parte da arquitetura emocional nas cidades. 

Arquitetura emocional nas cidades

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“Antes, você podia pensar “menos é mais”. Agora está ficando claro que a emoção é importante ao projetar edifícios e espaços urbanos. Em 2023, as cidades começarão a despertar para o valor da emoção. Arquitetos e designers começarão a abraçar a ideia de que a qualidade estética e a diversidade dos edifícios afetam profundamente nossos sentimentos e têm o poder de elevar nosso espírito, envolver e nos conectar”, afirmou o fundador do Heatherwick Studio, Thomas Heatherwick, em artigo publicado na revista Wired.

“A paixão pelos lugares que nos cercam se tornará a chave para desenhar ruas e edifícios cheios de detalhes, inventividade e tridimensionalidade. Esses espaços novos e radicalmente humanos serão valorizados e servirão a cada residente e visitante por muitos anos, em vez de se juntarem ao cemitério de estruturas monótonas que nenhum de nós jamais se importou em cuidar”, previu Heatherwick.