As cidades sustentáveis integram uma série de diretrizes para melhorar a gestão das zonas urbanas e prepará-las para o futuro
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Redação em 22 de outubro de 2024 8minutos de leitura
Os cidadãos, empresas e líderes políticos estão cada vez mais preocupados com o impacto que as ações humanas têm no meio ambiente. O debate sobre como construir cidades sustentáveis vem ganhando força à medida que entende-se o tamanho das consequências do consumo exacerbado de recursos naturais e emissões de carbono no futuro do planeta e do ser humano.
De acordo com o relatório “Perspectivas da Urbanização Mundial”, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente, 55% da população mundial vive em áreas urbanas e a perspectiva é que esta proporção aumente para 70% até 2050. Esses dados indicam que o modelo atual não irá suportar o adensamento populacional previsto para as próximas décadas.
Se não houver uma mudança significativa no funcionamento das cidades, a vida e a convivência em comunidade serão insustentáveis, expondo as populações a crises energéticas, hídricas e de combustíveis fósseis.
Por isso, as cidades sustentáveis não são vantajosas apenas do ponto de vista econômico e social, mas também ambiental, se mostrando como uma opção para a preservação da natureza e desenvolvimento socioeconômico.
O que são cidades sustentáveis?
As cidades sustentáveis são aquelas que adotam uma série de práticas inteligentes para o aprimoramento da qualidade de vida da população e preservação do meio ambiente. Ao invés de incentivar um crescimento e consumo desordenado, optam por iniciativas e programas de políticas públicas eficientes que reverberam positivamente na sociedade e no ecossistema, prezando pela sustentabilidade.
O foco principal é reordenar o funcionamento dos centros urbanos para evitar o esgotamento dos recursos naturais, a destruição da flora e da fauna, conter a crise climática e garantir todos os benefícios que os moradores atuais possuem, mas mantendo as cidades habitáveis para as gerações futuras. Para isso, as políticas públicas devem contemplar as áreas da educação, trabalho, saúde, lazer, assistência social, meio ambiente, cultura, moradia e transporte.
Dessa maneira, além de assegurar o funcionamento futuro dos centros urbanos, as cidades sustentáveis propiciam espaços públicos apropriados e estratégicos, promovendo saúde, felicidade, produtividade, facilidade de acesso a recursos básicos, além de impulsionar o investimento em desenvolvimento econômico e sustentabilidade.
Quais são as principais características das cidades sustentáveis?
Não existe necessariamente um padrão pré-estabelecido de práticas para as cidades sustentáveis, mas é fundamental que haja uma atuação contínua em prol da sustentabilidade, alinhando com o sucesso ambiental, social e econômico. Para que isso seja possível, algumas medidas são indispensáveis.
Políticas públicas
O poder público não é o único responsável pela criação da cidade sustentável, mas possui um papel fundamental nessa jornada. Os líderes têm o poder de elaborar ideias, leis, iniciativas e programas que coloquem as pessoas, empresas e organizações no caminho da sustentabilidade. Além de atuar com mecanismos de incentivo a boas práticas e/ou sanções para procedimentos que prejudicam as comunidades e o meio ambiente.
Planejamento urbano
Diversas cidades crescem de modo irregular e caótico, passando por cima de áreas de encostas de morros, rios e vegetação nativa. Essa postura pode provocar acidentes, como enchentes e deslizamentos.
No caso das cidades sustentáveis, há um planejamento para seguir com o desenvolvimento, incluindo demandas ambientais e sociais no projeto. Dessa forma, reduzem-se as chances de surgirem irregularidades em locais de risco. Não é à toa que o planejamento urbano é tido como fundamental para a construção das cidades do futuro.
Arquitetura e urbanismo
Além do desenvolvimento planejado, a cidade sustentável pensa na disposição das construções e elementos como se fossem um organismo vivo. A maneira como os edifícios são construídos é importante, assim como o número de árvores nas ruas e parques no centro urbano, evitando que a cidade tenha apenas asfalto e cimento, fato que aumenta o efeito de ilhas de calor e o risco de enchentes.
Nesse ponto, além de planejamento, as tecnologias são grandes aliadas. Como exemplo prático, tem-se as edificações de Tóquio, no Japão, que possuem materiais e design pensados exclusivamente para conferir flexibilidade e mitigar os efeitos de terremotos, evento climático comum na região. Técnicas de construção sustentável, design urbano, uso de materiais sustentáveis, como o concreto verde, e até soluções inspiradas na natureza, como um tipo de mofo, podem contribuir para uma cidade sustentável.
Mobilidade urbana e acessibilidade
Veículos que utilizam combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, são grandes problemas para a sustentabilidade, já que as emissões de carbono e outros gases de efeito estufa colaboram com o aquecimento global. Sendo assim, as cidades sustentáveis buscam investir em infraestrutura para o transporte público, com o objetivo de influenciar as pessoas a optarem por essa alternativa, além do destaque para os meios alternativos como o uso de bicicletas e caminhadas. Nesse sentido, mais uma vez, a própria estrutura urbana tem papel estratégico, a exemplo da cidade de 15 minutos.
Áreas verdes e preservação ambiental
A urbanização devastou matas e florestas. Os centros urbanos têm que conviver com os impactos dessa prática. Solos e rios ficaram desprotegidos, sendo degradados facilmente. A falta de áreas verdes dificultou a captação da água da chuva, propiciando problemas como enchentes e alteração no ciclo da água, causando secas.
Por isso, a arborização e conservação da vegetação nativa fazem parte da agenda das cidades sustentáveis a fim de restabelecer as chuvas constantes e uma melhor qualidade do ar para os habitantes. Afinal, as consequências do desrespeito ao equilíbrio mostra que, definitivamente, a biodiversidade também é tema para as cidades.
Consumo de energias renováveis
Cortar desperdícios e diminuir o consumo de energia elétrica é fundamental para reduzir a poluição do ar e o efeito estufa. Sob este prisma, as cidades sustentáveis procuram promover a mudança na produção energética, alternando sua matriz e priorizando energia sustentável, bem como energia solar e eólica, as quais se enquadram na categoria de energias limpas e renováveis.
Qualidade do ar
As cidades sustentáveis tem como objetivo também a melhoria da qualidade do ar, adotando práticas e políticas que reduzem a emissão de poluentes atmosféricos. A implementação de áreas verdes, como parques urbanos e corredores ecológicos, contribui significativamente para essa melhoria. Essas áreas funcionam como “pulmões” da cidade, absorvendo dióxido de carbono e liberando oxigênio, além de atuarem como filtros naturais, capturando partículas de poeira e poluentes nocivos presentes na atmosfera. Além disso, a promoção do transporte sustentável, como ciclovias, zonas de pedestres e o incentivo ao uso de transporte público elétrico ou movido a combustíveis alternativos, reduz a dependência de veículos particulares movidos a combustíveis fósseis, uma das principais fontes de poluição urbana.
Preservação dos recursos naturais
A preservação de recursos naturais em cidades sustentáveis é alcançada por meio de uma gestão eficiente e consciente dos recursos, aliada a práticas de planejamento urbano que minimizam o impacto ambiental. Essas cidades adotam políticas de reutilização e reciclagem, incentivando a economia circular, onde materiais e produtos são continuamente reaproveitados, reduzindo a necessidade de extração de novos recursos. Além disso, priorizam o uso de fontes de energia renovável, como solar e eólica, diminuindo a dependência de combustíveis fósseis e preservando os ecossistemas naturais.
Reaproveitamento da água da chuva
O reaproveitamento da água da chuva é uma prática comum em cidades sustentáveis, contribuindo para a gestão eficiente dos recursos hídricos e a redução da dependência de fontes de água tratada. Essa prática envolve a captação da água da chuva através de sistemas de coleta instalados em telhados, que direcionam a água para cisternas e reservatórios, onde pode ser armazenada para uso posterior. A água coletada pode ser utilizada para fins não potáveis, como irrigação de jardins, limpeza de calçadas e sistemas de descarga em banheiros, aliviando a pressão sobre os sistemas públicos de abastecimento.
Gestão de resíduos sólidos
A gestão de resíduos sólidos é orientada por princípios de redução, reutilização e reciclagem, buscando minimizar a quantidade de lixo encaminhada para aterros sanitários e promover uma economia circular. Essas cidades implementam programas abrangentes de coleta seletiva, incentivando a separação de resíduos recicláveis, orgânicos e não recicláveis desde a origem, facilitando o processamento e o reaproveitamento dos materiais. A compostagem de resíduos orgânicos é incentivada para a produção de adubo, que pode ser utilizado em hortas urbanas e parques, fechando o ciclo de nutrientes e reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos.
Além disso, campanhas de conscientização e educação ambiental são essenciais para engajar a comunidade na redução de resíduos, promovendo um consumo mais consciente e a responsabilidade compartilhada pela sustentabilidade. Dessa forma, a gestão eficiente de resíduos sólidos não apenas reduz o impacto ambiental, mas também melhora a qualidade de vida urbana e estimula práticas sustentáveis.
Exemplos de cidades sustentáveis no Brasil e no mundo
Existem diversos rankings que mostram exemplos de cidades sustentáveis no exterior e no Brasil, mas algumas cidades sempre aparecem em todas as listas. Cada uma delas se destaca por ações diferentes.
Zurique, na Suíça, é considerada a cidade mais sustentável do mundo, pois é referência em reciclagem e reaproveitamento de lixo. A cidade também se tornou um exemplo em mobilidade urbana, já que 32% dos deslocamentos são feitos nos transportes públicos e 42% é a pé ou em bicicletas.
Já Estocolmo, na Suécia, desponta devido às transformações promissoras, como a renovação de espaços urbanos antes ocupados por indústrias, transformando Hammarby Sjjöstad em um distrito ecológico, instalando circuitos fechados que fornecem eletricidade e água.
No Brasil, a cidade de Curitiba, no Paraná, ficou em primeiro lugar no ranking de cidades mais sustentáveis do País. As práticas sustentáveis da cidade focaram no transporte público, diminuindo a emissão de poluentes, além de investimentos na gestão de resíduos e reciclagem do lixo.
Enquanto João Pessoa, na Paraíba, tem aplicado o plano de ação sustentável que assegura a preservação dos recursos naturais, desenvolvimento em segurança, habitação, mobilidade e urbanização.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Neste cenário da criação de cidades sustentáveis ao redor do globo, a sustentabilidade se tornou alvo dos países que integram a ONU. Em 2015, a Organização apresentou aos países-membros uma agenda para o desenvolvimento sustentável com o intuito de estabelecer metas, prazos e compromissos para o enfrentamento dos principais problemas climáticos mundiais.
O acordo deu origem aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estipulando o ano de 2030 como prazo para atingir os compromissos assumidos. Divididos em 17 tópicos, os ODS estão ancorados em 5Ps:
Pessoas: trabalhar com a intenção de acabar com a pobreza e a fome no mundo;
Planeta: compromisso com a preservação ambiental, através do consumo e produção sustentáveis e gestão sustentável dos recursos naturais;
Prosperidade: garantir a realização pessoal de todos, contribuindo para o progresso econômico, tecnológico e social em harmonia com os ecossistemas;
Paz: promoção de sociedades pacíficas, inclusivas e justas;
Parceria: os ODS devem ser buscados por meio de parceria entre nações, governos, organizações da sociedade civil, empresas e cidadãos.
Tais metas requerem ações em nível global, regional e local para que sejam atingidas. As demandas locais precisam incluir estratégias de desenvolvimento sustentável para as cidades, favorecendo a vida em harmonia com a natureza, sem deixar de lado o progresso e a inclusão social.
Ao divulgar os conceitos dos ODS, as cidades sustentáveis ajudam a impedir os efeitos nocivos da exploração do meio ambiente, enquanto originam uma sociedade mais consciente e colaborativa.
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